Mundo Distante
De 3 a 26 de Novembro 2017 de Quarta a sábado às 21h:30 e Domingos às 16h:30.
Ficha técnica e artística:
Encenação, versão cénica e desenho de luz: João Rosa
Texto: Nuno Costa Santos
Interpretes: Eduardo Frazão e Manuel Coelho (gentilmente cedido pelo TNDM II)
Letras slam poetry: Pedro FM da Silva
Músicas slam poetry: Gui Garrido
Fotografia cena: Vitorino Coragem
Produção: Oficinas Teatro Lisboa
Sinopse:
Pai e filho, ao passarem os dois para uma situação de desemprego, vão viver juntos para um apartamento barato nos subúrbios, onde podem dividir as despesas. É como se estes dois animais humanos da mesma família tivessem sido obrigados a viver numa gruta pelas circunstâncias da vida. Durante a sua convivência, descobrem diferenças pessoais e geracionais que os afastam. Diferenças em diferentes questões. Os dois animais, até ali amansados pela civilidade, tornam-se macacos à solta e em guerra. Bestas que disputam o mesmo osso. Ao mesmo tempo há um conjunto de ressentimentos antigos que vêm ao de cima nesse processo de disputa territorial, em especial do filho em relação pai, classificado como ausente e negligente na sua função paterna, ao longo dos anos. Um espetáculo sobre dificuldades materiais, cada vez mais extremas, numa situação-limite, e
sobre relações familiares por resolver e não-ditos por verbalizar – e explodir.
Cada criação é uma viagem por vários universos. Mundo Distante centra-se na reflexão, realça questões nos conflitos pessoais e geracionais, usando o desemprego, uma realidade factual e fraturante na sociedade atual, como pano de fundo, ou seja, observar a convivência de duas pessoas do mesmo sangue e seus antagonismos e cumplicidades.
Esta narrativa centra-se na guerra entre gerações, de pai e filho, que uma economia em desequilíbrio pode gerar, e os segredos as mentiras que se escondem por trás das suas relações. A ideia fulcral deste espetaculo é a incitação a um ensaio, entre dois seres, pai e filho em situação-limite. Estes dois seres no fundo sentem que fazem parte de uma observação que ambos inconscientemente fomentam, mas as situações de partilha na sua convivência retiram-lhes qualquer discernimento. Um espaço reflexivo, primitivo, atual, provocador e presente, levando o espectador numa imersão ao universo destas personagens, construindo uma proximidade gradativa.
AFOGADA NA TUA VERGONHA
Na Comuna Teatro de Pesquisa De 3 a 19 de Março 2017
Dramaturgia, versão cénica, cenografia,
desenho de luz e efeitos sonoros: João Rosa
Baseado em: Sarah Kane e Roberto Corte
Interpretes: Catarina Gonçalves e Eduardo Frazão.
Apoio à performance e contraponto: João Rosa
Fotografia cena: Carlos Almeida
A violência doméstica sempre esteve presente na sociedade, fazendo vítimas entre mulheres e homens das mais diversas classes sociais. A violência social-doméstica envolve comportamentos utilizados num relacionamento, sociais-pessoais, por uma das partes ou todas, sobretudo para controlar. Este foi o meu ponto de partida para a reflexão, um ensaio, juntando os universos da dramaturga britânica Sarah Kane e do autor espanhol Roberto Corte que colmataram a minha premissa.
Uma sociedade que vive, consome e consome-se vorazmente, afogando o discernimento. Vive-se no mundo que todos têm razão, mas ninguém ouve, falam todos ao mesmo tempo, afogando a compreensão. Vive-se o belo, o intenso, o frio, o plástico, o frívolo, que de carne e sangue quase nada tem, padroniza-se uma humanidade na qual emergem incongruências, lacunas e carências. Afogada na tuavergonha mostra como o ser humano é manipulado pela sociedade, se não seguir opções maioritárias, restando-lhe então a vergonha, quando se apercebe de que não é totalmente livre ou quando se apercebe de que a liberdade também acaba por impor limites, mas ao mesmo tempo, mostra a ausência de culpa das personagens. Neste espetáculo, os atores submergem numa espiral de tensão interior, são duas mentes distorcidas que se confrontam num universo obsessivo, criando um frenético exercício esquizofrénico, são duas personagens dilacerantes que vivem num jogo esquizofrenicamente perverso.
A Vida é sonho
De 6 de Novembro a 21 de Dezembro 2014 na Comuna Teatro de Pesquisa
Texto:
Pedro Calderon de La Barca.
Dramaturgia, cenografia, desenho de luz e versão cénica:
João Rosa.
Interpretação:
Catarina Gonçalves, Eduardo Frazão e João Rosa.
Performers:
Carlos Gaudêncio, Ítalo Buzeli e Vasco Peres.
Música:
António Bastos.
Apoio à cenografia e figurino:
Marisa Ribeiro.
Produção:
Oficinas Teatro Lisboa.
Sinopse:
A Vida é Sonho conta a história de Segismundo que viveu toda a sua infância e juventude clausurado numa torre, sem nenhum contacto com o mundo em seu redor, a mando do seu pai, o rei Basílio. Anos depois, Segismundo acorda numa nova realidade, e é-lhe dito que toda a sua vida até então não passou de apenas um sonho.
Pela TimeOut:
Rui Monteiro
(…) “Isto está à vista no tratamento do texto, claro, na engenhosa cenografia e concepção luminotécnica capaz de evocar símbolos variados provocando a imaginação do espectador…”
Pela Sábado:
Nuno Costa Santos
(…) “Extraordinária e talentosa a prestação de eduardo Frazão no papel de Segismundo, aquele que se vai libertando de um cárcere existencial e psicológico sob o jugo do pai. Um papel no registo certo. Nem enfático nem amolecido. Capaz de agarrar. Poderoso.”
Galgar com tudo por cima de tudo
O espectáculo estreou em Dezembro de 2013 na Comuna Teatro de Pesquisa no âmbito dos 125 anos do nascimento de Fernando Pessoa. Passou pelo Rivoli, Teatro Sá da Bandeira (Santarém) e Teatro da Trindade.
Ficha técnica e artística
Texto: Fernando Pessoa e Álvaro de Campos
Dramaturgia, encenação, cenografia, figurino e luz: João Rosa
Interpretação: Catarina Gonçalves
Voz Off: João Rosa
Produção: Oficinas Teatro Lisboa
Sinopse:
O espectáculo Galgar com tudo por cima de tudo, criado e encenado por João Rosa surgiu com o intuito de assinalar os 125 anos do nascimento de Fernando Pessoa. Trata-se de uma proposta que demonstra ser possível ir para além do imaginário, na procura de novas formas de colocar em palco as palavras, as personalidades e a essência de Fernando Pessoa. O encenador encontrou Ofélia, uma mulher que se exprime de forma bruta, crua, lasciva que encontra satisfação nas máquinas, na fábrica onde usa o seu lado sensual e sexual. «À dolorosa luz das grandes lâmpadas da fábrica» a personagem da peça vagueia em sobressaltos e sonhos febris. Uma peça que representa um autor inigualável da língua portuguesa um texto extraordinariamente contemporâneo e intenso, que pretende mostrar ao público uma abordagem diferente, dinâmica e mais apelativa de um dos grandes nomes da literatura/poesia portuguesa. A partir da Ode Triunfal, Opiário, Ode Marítima, Isto, Ode Marcial e Apostila entra-se no universo Pessoano.
Um espectáculo que celebra o Poeta e as suas metamorfoses à procura de si mesmo nas expressões dos sonhos, dos desejos e das vontade que a alma de cada um abriga.
A Casa de Bernarda Alba
O espectáculo estreado no Palácio da Independência de 8 a 30 de Abril de 2010
No âmbito das comemorações do 25 de Abril festeja-se mais um ano de liberdade. 36 Anos após várias décadas de ditadura, censura e repressão seria interessante encenar esta peça.
“A Casa de Bernarda Alba” de Federico Garcia Lorca, também ele vitima do sistema (fuzilado brutalmente em 1936 por uma milícia nacionalista conservadora), será neste espectáculo em particular, encenada em arena, suprimindo qualquer recurso à cenografia, gerando uma grande proximidade entre público e personagens.
Além da particularidade acima descrita, que por si só recriará uma envolvência acrescida, pretendo personificar O GRITO DA LIBERDADE, através da morte. Para tal e para vincar este apogeu libertador, haverá um corpo artístico adicional: o Coro Audite Nova de Lisboa que demarcará a principal diferença do epílogo da peça.
Sinopse:
Peça teatral intensa, baseada unicamente à volta de Bernarda, uma mãe viúva, controladora e austera, e das suas cinco filhas obrigadas a viver dentro de casa num luto e repressão constantes. A filha mais velha, Angústias está prometida em casamento a Pepe Romano, porém Pepe encontra-se frequentemente às escondidas com a irmã mais nova da noiva, Adela. A peça desenvolve-se com os preparativos do enxoval de Angústias que fazem despoletar as confidências, tristeza, inveja e ciúme de todas as irmãs perante o destino da irmã mais velha, e com a relação secreta dos dois amantes que se vão encontrando furtivamente durante a noite, até serem descobertos.
Assim como fazia o Estado e a Igreja, Bernarda Alba restringia a liberdade das suas filhas representantes do povo, reprimido e assustado, incapaz de enfrentar o sistema que o sufoca, embora desejoso de mudanças e liberdade. Esconde a sua mãe e oprime os empregados. De modo geral, penso que é preciso ver como as grandes estratégias de poder se incrustam, encontram as condições de exercício em micro-relações de poder. Mas sempre há também movimentos de retorno, que fazem com que as estratégias que coordenam as relações de poder produzindo efeitos novos que avancem sobre domínios que até ao momento, não estavam definidos. A última peça escrita por Garcia Lorca permite afirmar que o poder político que o Estado e a Igreja demandavam na sociedade espanhola, oferecia à Bernarda a credencial necessária para reproduzir o autoritarismo. Para a filha que ousou ultrapassar os padrões de comportamento impostos, resta a morte, castigo igual que vitimou próprio autor da peça, que era imputado àqueles que ousavam desautorizar a ordem vigente.